Um hospital particular criou um “Prontuário afetivo” para colar na porta de quartos de pessoas com Covid-19, em Goiânia. Com a ajuda de familiares, eles identificam o paciente pelo nome que ele gosta de ser chamado e descrevem seus gostos e história. Assim, a equipe passa a tratá-lo de forma personalizada e com ainda mais afeto. Até objetos de parentes são usados.
"Tenho um grande sonho de ser médica", escreveu uma paciente, que também gosta de conversar sobre música.
A supervisora da enfermagem da Unidade de Terapia Intensiva, Stephany Araújo Nogueira, afirma que se trata de humanizar o tratamento.
“Nós adotamos esse projeto como a premissa de que todo paciente é o amor de alguém. Ele tem uma história, tem gostos, afinidades e sentimentos. Durante o tratamento, ele vai ficar isolado, sozinho e, nesse momento, seremos a família dele”, disse a supervisora.
A diretora-executiva do Hospital do Rim, Lilian Costa, contou que a unidade sempre usou o prontuário, mas ampliou esse procedimento desde o início da pandemia. Ela informou ainda que a equipe pede objetos que façam com que o paciente se lembre de casa, como cremes e sabonetes.
“Teve o caso de uma paciente que a família levou o shampoo do esposo. A equipe usava durante os banhos nela. Quando a paciente teve alta, ela contou que sentia a presença do marido. Tudo ajuda bastante no processo de recuperação. Eles se sentem mais acolhidos”, disse a diretora.
Lilian revelou ainda que a equipe de médicos, enfermeiros e psicólogos colocam uma música ambiente da preferência do paciente no momento da extubação e volta à consciência.
A psicóloga Amanda Rodrigues Mendes de Oliveira, responsável por colher as informações para o prontuário, disse que um atendimento mais humanizado pode reduzir até mesmo o tempo de internação do paciente. Além disso, o trabalho ajuda a minimizar a ansiedade dos familiares.
Empresário Rogério Soares da Cunha, 48 anos, vence a Covid após 11 dias na UTI em hospital de Goiânia — Foto: Arquivo pessoal/Nicholas Vanvin
A diretora do hospital disse que, como não pode haver visitas, quando os pacientes estão acordados, os profissionais tentam manter o contato com as famílias por meio de áudios e vídeos pelo celular, respeitando todos os protocolos.
“A gente tem um retorno muito positivo. As famílias mandam vídeos para os pacientes. Filhos e netos, gravam e mandam. A psicóloga leva e passa para o paciente. É um conforto”, disse a diretora.
Essa foi a sensação do estudante Nicholas Vanvin Cunha, de 24 anos, que ficou com o pai, Rogério Soares da Cunha, de 48 anos, internado na UTI do hospital por 13 dias para tratamento da Covid-19, em agosto de 2020. Ele acompanhou a evolução do parente por meio da internet: “O acolhimento foi muito bom e importante para recuperação do meu pai”.
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